Resenha | Dança da Escuridão, de Marcus Barcelos

Onze anos após sua condenação, Benjamin Francis Simons ainda sofre com as lembranças de seus atos passados — sombras traiçoeiras que insistem em rastejar para dentro de sua mente… E quando a salvação parece finalmente bater à sua porta, ele percebe todo horror que o aguarda, algo que nunca seria capaz de imaginar.

Em Dança da Escuridão, a aguardada sequência de Horror na Colina de Darrington, Ben Simons desperta abruptamente e se vê amarrado a uma cadeira de metal, imerso no breu de um local desconhecido, das sombras uma voz misteriosa o atormenta, o interroga e o instiga a mergulhar numa escuridão cada vez mais opressiva e perigosa.

Faro EditorialParece não haver mais fuga para Ben e no que julga ser seus últimos momentos de sanidade, o rapaz vai rememorando fatos recentes e outros antigos numa montanha russa de lembranças que se misturam, se entrelaçam e atingem abismos que Ben julgou serem inalcançáveis.

A partir daqui há Spoilers do livro Horror na Colina de Darrington, como estamos falando de uma continuação direta, quero deixar claro que vou expor fatos e situações importantes sobre o primeiro livro.

Ben Simons confrontando os abismos da memória

Após 11 anos preso no sanatório do Condado de Bourogh, Ben Simons teve de reviver os piores momentos de sua vida ao rememorar os fatos que o levaram para esse confinamento. As misteriosas mortes ocorridas na mansão da Colina de Darrington foram foram todos atribuídas à Ben, as circunstâncias dos crimes não deixavam margem para se duvidar da culpa do garoto, mas a verdade somente ele conhecia.

capa do livro Dança da EscuridãoE nesse clima tenso, sombrio e melancólico que o autor Marcus Barcelos nos guia vertiginosamente através de seu livro de estreia nos entregando uma tradicional história sobre fantasmas, demônios, uma mansão assombrada, conspirações políticas, seitas macabras  tudo mais que uma boa história de terror sobrenatural merece.

Se quisesse ter deixado seu protagonista e o leitor nas ágeis páginas desse primeiro livro e dado por encerrada nossa jornada ao lado de Ben Simons, Barcelos já teria feita um trabalho de mestre.

Porém, como todo autor no auge de sua criatividade, Barcelos foi além e ampliou seus conceitos e sua trama, dando-lhe novos contornos e sombras ainda mais densas.

Em um novo cativeiro, Ben mais uma vez precisa recorrer à suas memórias para entender como as coisas chegaram até aquela sala escura, onde uma estranha voz o interroga ao mesmo tempo em que tortura tanto seu corpo quanto sua mente.

Ben vai nos revelando como, com a ajuda de sua prima Amanda, desaparecida desde os fatídicos acontecimentos na mansão deu seus pais anos antes, ao lado de seu marido Andrew, conseguem livrar o jovem da clausura do sanatório.

Numa manobra digna de filmes de ação, Amanda e Andrew se infiltram nas instalações do sanatório e conseguem a duras penas libertar Ben e fugir para um esconderijo temporário para que pudessem planejar uma maneira melhor de despistar a poderosa organização responsável pelos acontecimentos em Darrington e que nutre um estranho e obsessivo interesse em Ben.

Auxiliados pelo médico Liam Jones, que possui uma agenda de interesses próprios na trajetória de Ben e que conhece os meandros dos acontecimentos que o levaram para dentro do sanatório, Jones realiza suas pesquisas e auxilia os três fugitivos, ora revelando segredos, ora ocultado-os conforme cada situação.

Dança da Escuridão é um livro bem menos ágil que seu antecessor, mas isso é fácil de entender quando percebemos que Barcelos quis realmente ampliar seus conceitos e sua ideia geral; praticamente podemos entender a história de Benjamin Francis Simons em um grande livro dividido em dois tomos.

Fato esse que inclusive acredito que seria bem interessante para uma vindoura “Edição Definitiva”, reunindo os dois livros em um belo “tijolão” de capa dura, pintura nas laterais externas como nos originais e uma bela fita negra para marcar páginas… se vier uma ecobag tona negra também, não reclamaria.

Aqui Barcelos passa mais tempo construindo melhor o passado de Ben e lhe dando contornos mais precisos e maior aprofundamento. É perceptível que o autor quis ir além do que havia feito no primeiro livro, mas sem abrir mão de alguns recursos que enriqueceram sua estreia: os relatos feitos pelos personagens em cartas, entrevistas, manchetes de jornais, folhas de diários, boletins policiais…

Toda essa miríade de recursos está novamente presente em Dança da Escuridão, tornando a narrativa do livro mais complexa e detalhada do que se fosse contada apenas pela perspectiva de Ben.

Cada adendo desses nos revela partes do passado ou do presente que escapam ao protagonista, mas que são essenciais para compreendermos sua história e os desdobramentos que ela causa tanto no tempo quanto no espaço da narrativa.

Também como no antecessor, Dança da Escuridão alterna muitos focos cronológicos dos mesmos personagens, voltando à época da infância de Ben no orfanato, o passado de seus país que até então era uma grande incógnita, bem como dos propósitos da obscura mansão na colina de Darrington.

Se Horror na Colina de Darrington deixava muitas incógnitas e portas fechadas, deixando aquela sensação de “quero mais” ao mesmo tempo que poderia se encerrar nos seus mistérios sem nenhuma perda, Dança da Escuridão não deixa nenhuma questão em aberto e nenhum assunto por resolver; Barcelos abre todas as cortinas obscuras de sua trama e põe todas as peças do jogo no tabuleiro, as movimenta constantemente e dá seu xeque-mate, nos entregando uma obra cheia de detalhes e nuances que talvez pudessem ter se perdido nas mãos de um autor menos versátil e focado como Barcelos.

ilustração inerna de Horror na Colina de DarringtonSe Horror na Colina de Darrington era uma obra, digamos assim, mais pura, fluída e espontânea, Dança da Escuridão é uma obra mais longa, mais cadenciada e planejada; talvez por isso mesmo que alguns leitores sintam, assim como eu, que Barcelos pareceu se divertiu mais escrevendo o primeiro livro do que este segundo, onde há todas as pontas do primeiro a serem preenchidas e uma quantidade maior de personagens a se trabalho, bem como elementos mais complexos a serem apresentados, desenvolvidos e encerrados.

Pode ser só uma impressão mesmo, não sei, apenas queria compartilhá-la com vocês. E sim, eu tenho um preferência maior por Horror na Colina de Darrington e sua aura de “livro de estreia, com aquela força natural e espontânea que flui do livro para o leitor, que nos joga naquela situação estranha e aos poucos vai nos trazendo à, nos trazendo à luz, literalmente.

Acho que senti falta de um pouco disso em Dança da Escuridão, apesar de muita coisa acontecer no livro em várias situações, senti falta dessa espontaneidade do primeiro livro.

Nada que desabone o material, longe disso, Dança da Escuridão é um livro divertidamente tenso e denso, que nos prende com muita facilidade nos muitos ganchos que Barcelos deixa a cada capítulo e a cada nova situação.

Para os fãs de suspense e terror sobrenatural, que gostam de uma narrativa de tons cinematográficos (não são poucas as situações que Barcelos escreve seu material de modo que nos lembre muito um programa de tv ou um filme – isso é um elogiou, que fique claro), situações bizarras e macabras, temos aqui um ótimo exemplar nacional do segmento, coroando Marcus Barcelos como um dos grandes nomes do terror/horror nacional, não por acaso, um dos quatro autores do excelente Vozes do Joelma.

Dança da Escuridão | Sobre o autor

Marcus BarcelosMarcus Barcelos nasceu no estado do Rio de Janeiro. É escritor, roteirista e apaixonado por literatura, principalmente de terror. Cresceu lendo os grandes mestres do gênero, como Stephen King, Edgar Allan Poe, H.P. Lovecraft e R.F. Luchetti.

Nos clássicos, encontrou sua paixão por contar histórias. Começou a escrever seu livro de estreia, Horror  na Colina de Darrington, ainda em 2014, na plataforma Wattpad.

Logo ganhou notoriedade na internet, atingindo posição de destaque no gênero e milhares de seguidores, o que resultou no convite a ser um dos embaixadores da plataforma no Brasil.

Hoje, Horror na Colina de Darrington conta com quase dois milhões de leituras no Wattpad e, em 2016, ganhou uma edição definitiva publicada pela Faro Editorial. Marcus continua morando no Rio de Janeiro, onde trabalha em suas novas histórias, e atua como roteirista em produtoras e canais de tv.

Dança da Escuridão é a continuação de seu primeiro romance e o desfecho da história de Benjamin Francis Simons.

Em Dança da Escuridão, a aguardada sequência de Horror na Colina de Darrington, Ben Simons desperta abruptamente e se vê amarrado a uma cadeira de metal, imerso no breu de um local desconhecido. A voz que grita é a de um homem misterioso e sem escrúpulos, que não poupará esforços para extrair de seu interior a obscura confirmação que tanto deseja… o mal presente na sua origem.

Onze anos após sua condenação, Benjamin Francis Simons ainda sofre com as lembranças de seus atos passados — sombras traiçoeiras que insistem em rastejar para dentro de sua mente… E quando a salvação parece finalmente bater à sua porta, ele percebe todo horror que o aguarda, algo que nunca seria capaz de imaginar.

Agora, para entender o que tudo aquilo significa, o que o colocou naquela situação de alvo da seita, e tentar salvar todos que estão em perigo por sua causa, ele precisará remontar seus passos desde muito antes da fuga do sanatório ou do episódio na Colina de Darrington e confrontar os tentáculos da aterrorizante organização, que se mostram cada vez mais presentes em todos os lugares. E o tempo é curto.

  • Título: Dança da Escuridão
  • Autor: Marcus Barcelos
  • Gênero: Suspense sobrenatural
  • Formato: 16 x 23 cm
  • Páginas: 256
  • Acabamento: capa cartão, brochura
  • Papel: Pólen bold 90

Sobre o Autor

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Designer de produtos e gráfico, mestre em comunicação, professor.

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