Resenha | Willa, a salvação da Floresta, de Robert Beatty

Willa, a salvação da flores, segundo livro da protagonista que dá nome para a obra do autor Robert Beatty, se passo aproximadamente um ano após os acontecimentos do primeiro livro Willa, a garota da floresta e nos mostra como está a vida de nossa fada da floresta ao lado de sua família adotiva e sua incessante luta pela proteção da natureza.

Com o avanço cada vez mais rápido floresta a dentro derrubando árvores seculares, desviando cursos de rio e caçando animais silvestres como alimento, os homens e máquinas da Madeireira Suton invadem cada vez mais e mais as terras de Nathaniel Steadman que, um ano atrás entrelaçou sua vida e suas perdas a da pequena fada da floresta da raça dos Faeran, Willa. O laço criado entre eles se fortaleceu e ao lado dos filhos de Steadman construíram uma nova família após a destruição da toca que, por séculos, serviu de lar a povo de Willa.

Resenha Willa, a salvação da Floresta, de Robert BeattyMas nem mesmo a força desse amor e os laços que os tornam fortes parecem não ser suficientes para resistir ao progresso e a chegada das estradas de ferro do começo do século XX.

É nesse cenário de urgência, medo e dúvidas que Willa se lança no segundo capítulo de sua jornada pela salvação de seu lar e de todos os seres vivos que nele habitam.

Mantendo seu texto detalhado e com muitas camadas de densidade, simbolismos e significados, Beatty constrói mais uma vez uma narrativa cheia de mistérios e nuances para nos enredar no tema da preservação ambiental de forma lúdica, esclarecedora, pertinente e ao mesmo tempo com muita magia e fantasia permeando o tema.

Com a prisão de seu pai adotivo por conta de uma falsa acusação de assassinato, passando pelos confrontos ideológicos com Jim McClaren, chefe de operações de campo da Madeireira Suton, Willa precisa compreender o frágil equilíbrio entre os mundos diferentes aos quais pertence.

Da perda da aldeia Faeran e da rejeição de seu povo perdido sem um líder, passando pelo estranhamento da vida dos humanos devastando o mundo ao seu redor, Willa vai construindo uma nova compreensão de cada parte e montando assim o mosaico que compõem um mundo novo e em constante transformação, mas que só poderá ser sustentado pela comunhão de cada uma de suas partes.

Mas essa compreensão tem muitos caminhos dentro e fora da floresta… E nesses muitos caminhos, o de Willa mais uma vez cruza com o de um humano capaz de mudar todo o sentido de sua jornada.

Quando a vida de Willa se entrelaça com a vida de Adelaide, uma garota humana que ajuda a pequena fada da floresta a escapar de estranhos seres de tons escuras que rastejam pela flores, logo uma ligação se estabelece entre as duas crianças, cada uma a seu modo representando seus respectivos lados e tentando irmanar esses dois polos opostos entre preservar usando com cuidado e consumir tudo desenfreadamente sem limites.

Os desafios no caminho das duas crianças é constante e a ameaça dos estranhos seres rastejantes avança cada vez mais sobre os humanos e Willa se vê na encruzilhada de impedir ou não tais criaturas de concretizar a destruição dos humanos que, de um modo ou de outro, fazem parte deste frágil equilíbrio. E fica claro que a menina Adelaide é peça fundamental para que Willa consiga concretizar a fusão desses mundos tão dispares…

Mas antes de qualquer decisão, Willa precisa confrontar os escombros de seu passado Faeran em busca dos conhecimentos de sua antiga tribo e da magia das fadas da floresta para, ou destruir esse mal ou usá-lo de algum modo a seu favor, uma vez que apenas os humanos parecem ser os alvos dos misteriosos seres feitos da própria escuridão.

Resenha Willa, a salvação da Floresta, de Robert Beatty

Repleto de reflexões e momentos de tensão, mais uma vez percebo que Beatty escreve uma obra que dialoga com públicos de um amplo espectro de idades. Se aparentemente seu livro é uma narrativa juvenil com tons fantásticos, com fadas, lagos mágicos e seres seculares que se ocultam nas névoas feéricas do mundo verde, por outro lado o autor escreve com muita dramaticidade, com muitos conflitos de ordem simbólica entre seus personagens.

Mais uma vez o tema da preservação ambiental ganha ares que vão tanto na direção do fantasioso quanto no da conscientização direta e termos como consumo responsável, integração humana-natureza, amizade, família, manutenção de tradições versus rompimento progressivo são algumas das pontas de lança da narrativa de Beatty para conduzir seus fios narrativos.

Não são poucos os momentos de Willa, a salvação da Floresta em que as decisões de Willa recaem sobre ela com muito peso e cobrança, o que acaba dando ao livro um ar mais peso e muitas vezes melancólico e nostálgico nas várias ocasiões em que, tanto protagonista quanto coadjuvantes, são acometidos por reflexões e pensamentos sobre seus atos e escolhas.

Willa é constantemente atormentada pelas escolhes de seu passado recente e revista com frequência os destroços de seu antigo lar, tanto de forma física retornando ao local onde outrora viveu com sua vó quanto de forma subjetiva através de suas lembranças.

Resenha Willa, a salvação da Floresta, de Robert Beatty

Mais uma vez a narrativa sobre a menina fada da floresta deixa de ser uma aventura divertida e de superação para ser uma obra mais profunda, mais emblemática e relfexiva sobre as mudanças do mundo, em nós mesmos e naqueles com quem dividimos esse mundo.

Acho apenas que o autor, e essa foi uma crítica que fiz já no primeiro livro, poderia agilizar algumas coisas de sua narrativa ou deixá-las mais direcionadas, economizando assim tempo e fôlego do leitor dando-nos um desfecho mais completo para esse segundo livro.

Se no primeiro volume temos uma obra de grande excelência e espontaneidade, aqui parece que temos uma obra mais enxertada, mais robusta, mas que acaba deixando para trás alguns personagens caros e muito, muito interessantes.

Longe de desabonar este segundo volume, Beatty parece que quis render mais sua escrita e sua habilidade de gerar elementos de ordem subjetiva que acabou rifando um tanto de suas conclusões, apressando soluções, correndo conflitos, deixando pontas aqui e ali.

Mas a jornada vale muito a pena e quem se aventurar a fechar este ciclo da aventura de Willa não vai se arrepender de se entrelaçar com esse mundo maravilhoso cheio de magia, mistérios, natureza e personagens amplos de dilemas e vida. Mais uma vez fica as congratulações para a Faro Editorial com seu sempre excelente trabalho na escolha das obras de seus selos.

Willa, a salvação da Floresta é, ao lado de seu antecessor, uma das melhores opções do catálogo da editora para jovens leitures; o acabamento da edição segue o padrão de qualidade da editora com logotipo em alto relevo, verniz localizado e papel de ótima gramatura tanto na capa quanto no miolo.

Willa, a salvação da Floresta | Sobre o autor

ROBERT BEATTY é mundialmente conhecido por suas histórias incríveis para leitores de todas as idades. Suas obras recebem prêmios, e esta, além de ter os direitos vendidos para muitos países, será adaptada para o cinema numa grande produção da Disney. O autor vive nos Estados Unidos com a esposa e três filhas, suas primeiras leitoras de cada livro, e que também o inspiram a escrever suas histórias.

Willa, a salvação da Floresta | Ficha Técnica

  • Título: Willa, a salvação da Floresta
  • Autor: Robert Beatty
  • Formato: 16×23 cm
  • Páginas: 256
  • ISBN: 978-65-5957-151-2
  • Editora: Faro Editorial
  • Selo: ‎ Milk Shakespeare
  • Edição: 1ª (13 maio 2022)
  • Preço: R$ 59,90

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Sobre o Autor

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Designer de produtos e gráfico, mestre em comunicação, professor.

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