Resenha | A Marcha dos Zumbis, de Max Brallier e Douglas Holgate

O mundo como o conhecemos desmoronou, pouco ou quase nada dele restou, o que permaneceu de pé foi tomado pelas hordas de monstros e zumbis responsáveis pelo caos… E no meio desse caos todo estão Os Últimos Jovens da Terra contemplando A Marcha dos Zumbis

Jack Sullivan e seus três amigos sobreviveram ao apocalipse zumbi que devastou o mundo numa aventura frenética, cheia de emoções, perigos, risadas e batalhas contra zumbis e monstros colossais.

Faro Editorial

Após derrotar o que talvez seja o mais poderoso dos monstros, a vida de Jack, Quint Baker, June Del Toro e Dirk Savage passa por uma relativa calma em meio às ruínas de sua cidade natal enquanto os quatro amigos vão equipando e melhorando sua casa na árvore, seu novo lar e base de operações.

Mas essa calma não é total e está longe de ser duradoura para os jovens sobreviventes. Em suas andanças em busca de recursos, mantimentos e utensílio que possam tornar a vida melhor e mais prática, o grupo de sobreviventes vasculha cada canto e cada elemento que possa ser incorporado em suas reservas.

Só que a infestação de monstros e zumbis está longe de reduzir seus números e os confrontos são inevitáveis.

capa do livro A Marcha dos ZumbisNo entanto, no meio do perigo surge um aliado inesperado: sua fisionomia é humanoide, suas vestimentas rudimentares, sua altura é assustadora e sua pele cheia de cicatrizes; apesar dos indícios dizerem o contrário, essa nova criatura trás providencial ajuda no combate ao Vermonstro.

É assim que o grupo de Jack conhece o homem-monstro se chama Thrull, grande caçador de monstros que veio parar em nosso mundo da mesma maneira que os monstros que Jack e seus amigos enfrentam.

E, para surpresa de todos, Thrull não é o único caçador de sua dimensão a vir parar desgarradamente em nosso mundo. Alojados na lanchonete Pizza do Joe, um grande contingente de caçadores se reúne ali transformando o estabelecimento numa espécie de quartel general.

É desse modo que Jack e seus amigos começam a descobri o que causou o caos em nosso mundo com a chegada dos monstros e a transformação de humanos em zumbis.

Uma verdade terrível paira sobre os propósitos desses acontecimentos e os detalhes desses acontecimentos se espalham por outros mundos além do nosso e dos caçadores.

O caçador de monstros com aura de sábio chamado de Bardo relata aos jovens aventureiros sobre um mal antigo que devora mundos… esse é o destino final da Terra se Os Últimos Jovens da Terra não cumprirem sua missão que, sem entender bem, está intimamente ligada ao estranho fenômeno da marcha dos zumbis, cujo número começa pouco a pouco a reduzir.

Será que o Bardo falou toda a verdade? Thrull pode mesmo ajudar Jack e seus amigos em sua jornada? O que quatro garotos e alguns caçadores desgarrados podem realmente fazer contra um mal antigo que devasta mundos?

Uma aventura sem intervalos ou botão de pause…

Mais uma vez o autor Max Brallier e o desenhista Douglas Holgate nos levam por uma aventura frenética e cheia de momentos divertidos, muita ação e claro, uma montanha absurda de referências à cultura pop em geral.

De filmes a games, de quadrinhos a animes, Brallier não economiza seu repertório na hora de nos presentear com dezenas de brincadeiras e citações em toda sua obra.

Ao lado dos quatro amigos o leitor além de acompanhar suas aventuras e explorações frenéticas agora também vai acompanhar o amadurecimento desses quatro jovens tentando sobreviver inteiramente sozinhos e cercados por monstros e zumbis.

A Marcha dos Zumbis
Uma ida às compras pelo shopping…

Se no primeiro livro tínhamos a jornada de Jack iniciando solitariamente em 4 Contra o Apocalipse, aqui já temos o grupo mais do que estabelecido em sua casa na árvore e cuidando de suas tarefas e responsabilidades enquanto o caos os cerca de todos os lados.

Mas agora, além de sobreviver, o grupo de jovens precisa entender o que houve com o mundo e como os caçadores de monstros podem ajudá-los nessa jornada de crescimento, aprendizado, mistérios e ação.

Dentre todos os mistérios, o que mais preocupa Jack e seus amigos é o fato de que o número de zumbis tem diminuído sem nenhuma explicação, e como os garotos tem expectativas de conseguir reverter ao menos a praga zumbi, partem em busca de respostas explorando o mapa da cidade de Wakefield tal qual um game estilo “mundo aberto”, indo de missão em missão coletando tanto informações gerais quanto informações específicas sobre os monstros para catalogar no bestiário de Quint.

Mas há uma certa desconfiança entre os grupo de Jack e os monstros sediados na Pizza do Joe, apesar da colaboração entre os dois grupos, Jack não tem plena certeza de que os caçadores sejam realmente seus aliados. Para além dessa preocupação, Jack começa a temer a perda dos amigos que demorou tanto para conhecer ao longo de seus 13 anos de idade.

Jack e Quint dando um tempo nas aventuras e relaxando nos games
Uma pausa nas obrigações para jogar um videogame básico com os amigos e aliviar o estresse… ou não.

Como uma criança que passou por vários lares adotivos, Jack passa a sentir muito receio de levar seus amigos para as missões e tenta constantemente protegê-los dos perigos de forma até imprudente; fato que não passa despercebido por Quint, June e Dirk.

Diante dessas situações Brallier vai nos entregando várias deixas sobre como seus personagens, em especial o protagonista Jack, estão crescendo não só em idade, mas em termos narrativos também. É comum durante todo o livro os quatro amigos se divertindo, falando sobre games, tendo uma alimentação nada saudável ao mesmo tempo em que precisam planejar suas ações para descobrir o que está atraindo os zumbis para fora dos limites que os garotos já conhecem de Wakefield.

Com ritmo acelerado, às vezes frenético mesmo, a dupla de autores nos joga em uma aventura que tem toda aquela cara de obra feita para jovens leitores, mas que não se furta em momento algum de ser uma boa leitura para qualquer idade, inclusive acredito que seja esse o grande trunfo da coleção Os Últimos Jovens da Terra: aqui qualquer um em qualquer idade se sente uma criança brincando com o que há de melhor em obras da cultura pop mundial.

armas novas de A Marcha dos Zumbis
Novos inimigos precisam ser enfrentados com novas armas…

Ao aliar o texto leve, engraçado e limpo de Brallier com os traços dinâmicos de Holgate, o leitor tem uma obra que lembra bastante a experiência de uma HQ ou um Mangá (sobretudo pelo acabamento em preto e branco); alternando o texto com as ilustrações a obra com certeza se torna ainda mais atrativa para os jovens leitores advindos de mídias essencialmente visuais como os já citados mangás ou os games de aventura. Não por acaso a série tem sua versão em animação para o serviço de streaming Netflix.

Minha única crítica ao material textual de Brallier é ainda focar demais em Jack, ok, é seu protagonista e é perceptível que Jack deva ser o alterego do autor, mas acho que seus outros três integrantes do grupo merecem um pouco mais de espaço e protagonismo no livros (até aqui ao menos, vamos ver nos 3 e no 4).

Quint, por exemplo, acho que já ganhou bastante foco neste segundo livro em comparação com June e Dirk, claro, como melhor amigo de Jack, é compreensível um espaço maior para o gênio inventivo do grupo.

o vermonstro é uma das ameaças de A Marcha dos Zumbis
O vermonstro chega com tudo para garantir um lugar de destaque no “bestiário” de Quint.

Nada que desabone a diversão e os vários e vários pontos extremamente positivos do material como um todo, só acho que há um imenso potencial no entorno de Jack que poderiam render mais dinamicidade à série de modo geral.

Em compensação, Brallier já neste segundo livro começa a lançar luz sobre a trama geral que envolve os fatos ocultos sobre o fenômeno que se abateu sobre a Terra, dando um ar maior e de saga ao material, o que nos faz perceber que os livros vão além da aventura frenética de caçar e fugir de monstros e zumbis (não que isso tenha algum problema, pelo contrário).

Os Últimos Jovens da Terra – A Marcha dos Zumbis é o segundo livro da saga a ser lançado no país pela Faro Editorial com seu sempre competente acabamento: capa cartonada com logotipo do livro em alto relevo, verniz localizado e páginas internas com ótima gramatura, o que deixa os livros mais “gordinhos” e bem bonitos na estante; seu antecessor já foi resenhado AQUI no PZ, então fique de olho que logo mais tem resenha do volume 3 e 4 também.

A Marcha dos Zumbis | Sobre os autores

Max Brallier é autor de mais de vinte livros infantis e adultos e é designer de jogos. É o criador de Galactic Hot Dogs, uma série da web em andamento voltada para o ensino.

Douglas Holgate é um artista e ilustrador freelancer de quadrinhos, baseado em Melbourne na Austrália, há mais de 10 anos. Com trabalhos para a Image, Dynamite, Abrams e Penguin Randon House.

A Marcha dos Zumbis | Sinopse

Em “A Marcha dos Zumbis” vamos acompanhar as novas aventuras de Jack Sullivan, um adolescente de 13 anos, e seus amigos da escola, que vivem em uma casa de árvore, jogam videogame, e enfrentam zumbis, que são resultados de um monstruoso apocalipse.

Mas depois de descobrir como sobreviver, os zumbis começam a sumir, e os quatro amigos terão que descobrir o que está acontecendo e se proteger de uma ameaça ainda maior!

A Marcha dos Zumbis | Ficha Técnica

  • Título: Os Últimos Jovens da Terra
  • Subtítulo: A Marcha dos Zumbis
  • Autor: Max Brallier
  • Formato: 14×21 cm
  • Páginas: 304
  • ISBN: 978-85-9581-103-4
  • Editora: Faro Editorial
  • Preço: R$ 39,90

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Sobre o Autor

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Designer de produtos e gráfico, mestre em comunicação, professor.

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