Quadrinhos | Black Science, uma viagem pelo Eververse

Black Science, HQ escrita por Rick Remender e ilustrada por Matteo Scalera, é um convite a mergulhar na multiplicidade de mundos fantástico que existem no Eververso

Recentemente, após ter passado um longo período desanimado com quadrinhos e cheio de problemas pessoais eu resolvi voltar a ler uns gibizinhos, fugindo do nicho Marvel/DC no qual eu já me cansei e encerrei minhas leituras.

Hoje irei falar sobre Black Science, da Image Comics que, pra quem me, conhece sabe que é minha editora favorita. Black Science conta com roteiro de Rick Remender, em parceria com Matteo Scalera na ilustração, e cores de Dean White.

capa americana do volume 1 de Black ScienceBlack Science se inicia com o líder da “Liga Cientista Anarquista”, Grant McKay, mostrando seu mais recente trabalho para seus filhos, Pia e Nathan. Desde o início, fica claro que Grant é uma figura terrível de marido e pai.

O projeto de Grant, conhecido como “O Pilar”, tomou conta de sua vida e, como resultado, ele esteve mais ausente do que presente nas vidas de Nate e Pia.

O Pilar é um dispositivo que lhes permite viajar para diversas dimensões alternativas do multiverso, nessa história chamada de “Eververse”.

A idéia de McKay é usar o Pilar para encontrar tecnologias avançadas, curas para doenças e, mais preocupantemente, grandes quantidades de energia. McKay e sua equipe de colegas cientistas trabalham há uma década no projeto e finalmente conseguiram terminar o dispositivo.

Cheio de orgulho, McKay leva seus filhos para conhecer o Pilar, mas algo dá muito errado e o Pilar transporta McKay, seus filhos e toda a equipe para uma das muitas dimensões alternativas do Eververso.

Presos com o Pilar com defeito, cercado por pessoas que o amam e o odeiam, Grant e sua equipe precisam encontrar uma maneira de levar todos para casa antes que os perigos do Eververso tornem isso impossível.

Grant McKay é, francamente, um idiota total. Ele não só não esteve presente na vida de seus filhos, ele tem sido um péssimo marido e pai. Seu cinismo em relação ao mundo e às figuras de autoridade, em particular, tornou-o severo em relação a quaisquer tipo de apego pessoal. E os outros membros da equipe são cada um terríveis em seus próprios meios.

Temos Kadir, o idiota do meio corporativo que fará literalmente qualquer coisa para sobreviver e de alguma forma racionalizar tudo; Rebecca, parceira de Grant e amante secreta, que tem pouco cuidado com o caos que ela ajudou a criar dentro da família McKay; Shawn, o jovem cientista e aprendiz de Grant McKay, que não é tão pacífico e compreensivo quanto parece.

O interessante sobre Black Science é o quão humanos são todos os personagens. Eles são egoístas, irresponsáveis ​​e apesar de sua inteligência, nem sempre entendem completamente as consequências de suas ações.

Grant McKay pode estar liderando-os, mas ele não é o bandido solitário aqui. Na verdade, é difícil encontrar muitos bons mocinhos e isso é muito bom. As interações entre os personagens pareciam realisticamente sombrias e egoístas, mas também tinham momentos brilhantes onde a “nobreza” aparecia, às vezes por razões egoístas e outras vezes não.

É interessante também, que Black Science é uma daquelas histórias de viagem de tempo/dimensão em que os personagens saltam de um lugar para outro sem realmente se importar com o que estão deixando para trás.

Há consequências muito sérias para os saltos e os personagens sofrem muito com tais coisas. Isso contribuiu para uma história muito intensa que parece tão sombria e convincente quanto uma história sobre realidades alternativas, as oportunidades e os perigos extremos que eles representavam.

O trabalho de Matteo Scalera e Dean White merece uma menção especial, porque é excelente. As paisagens e criaturas alienígenas de Scalera são imaginativas e fascinantes, tornando extremamente difícil desviar o olhar da página.

capa do volume 2 americano de Black ScienceEnquanto Scalera tem uma tendência um tanto estranha para desenhar os rostos dos personagens com sorrisos exagerados e caretas, esta é uma pequena falha em comparação às paisagens e ambientes deslumbrantes.

A ação é bem elaborada, nunca confusa, apesar da tensão nervosa ou batalhas violentas. E a coloração de Dean White é uma combinação perfeita para mundos tão vibrantes quanto os descritos por Remender e Scalera. Eu  honestamente fiquei muito impressionado com a arte dessa série.

Mesmo que você seja um consumidor de ficção científica tão duro quanto eu, Black Science é absolutamente uma leitura interessante.

Black Science puxa mais para o lado sombrio da humanidade e com o que leva as pessoas a fazer a coisa certa, mesmo que seja pelos motivos errados. É tanto um estudo de personagem quanto uma aventura de ficção científica.

Agora aos pontos negativos, até porque, nada é perfeito, certo?

Temos alguns problemas que me incomodaram um pouco, tais como; a cada capítulo temos um dos personagens narrando algo referente da sua história pessoal ou sobre o que está acontecendo, misturado com a ação desenfreada que a série possui, muitas vezes fica confuso sobre quem está falando, e as ilustrações não acompanham o que está sendo narrado, então demanda uma atenção maior do leitor e mesmo assim fica bem confuso.

Um outro problema que achei foi que, a cada capítulo eles saltam pra outra dimensão do Eververso e não foge muito disso, pelo menos não nos dois primeiros volumes do TPB lidos por mim, e como é uma série recheada de ação, você cai em um universo novo, eles são caçados e tem que sobreviver até o próximo pulo, e o ciclo se repete.

Com isso não temos muito tempo pra explorar outros mundos mais a fundo, conhecer mais os locais, as outras raças, tecnologias e etc, e sobra também pouco tempo pra desenvolver os personagens através de diálogos e nem sempre você acaba se conectando com os personagens por isso.

Definitivamente uma leitura bem interessante, espero que com as próximas edições ele desacelere um pouco pra poder desenvolver melhor os personagens e não ficar nesse círculo repetitivo de: saltar > fugir pra sobreviver > saltar > fugir pra sobreviver.

Gostaria muito de ver mais exploração dos outros universos, a vida local, as novas raças, línguas, fauna e flora.

Black Science

 

  • 9/10
    Premissa - 9/10
  • 8/10
    Narrativa - 8/10
  • 10/10
    Arte/Colorização - 10/10
  • 7/10
    Acabamento - 7/10
8.5/10

Sobre o Autor

Fotógrafo, entusiasta de tecnologia, assíduo fã de quadrinhos, mangás, séries e games, não necessariamente nessa ordem.

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