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OSCAR 2017 | ATÉ O ÚLTIMO HOMEM

ATÉ O ÚLTIMO HOMEM (Hacksaw Ridge. 2016. Direção: Mel Gibson. Roteiro: Andrew Knight e Robert Schenkkan. Elenco: Andrew Garfield, Vince Vaughn, Sam Worthington, Luke Bracey, Rachel Griffiths, Hugo Weaving.)

[dropcap size=small]T[/dropcap]odo ano, um veterano dos cinemas volta das cinzas e nos presenteia com mais uma obra-prima pra entrar na sua coleção. O nome do veterano desse ano é Mel Gibson.

E bota “veterano” nisso. O cara já dirigiu filmes épicos, como Apocalypto, A Paixão de Cristo e Coração Valente, que rendeu a ele os Oscars de melhor filme e melhor diretor.

E agora, depois de um hiato de 10 anos afastado do cinema, Gibson retorna às telas com mais um filme fantástico para os espectadores: Até o Último Homem.

Nessa produção, ele dramatiza a saga de Desmond Doss, um homem da religião adventista e que é um objetor de consciência. Ou seja, Doss guarda os sábados e se recusa a tocar em uma arma.

Até aí, não tem absolutamente nada de estranho. Até o momento em que ele resolve se alistar nas Forças Armadas estadunidenses para lutar pelos Aliados na 2ª Guerra Mundial.

Incrivelmente, a história é verídica. Desmond Doss foi o primeiro objetor de consciência a ganhar uma Medalha de Honra nos EUA, pelos serviços extraordinários na Batalha de Okinawa, e também é o único objetor a receber a medalha durante a 2ª Guerra Mundial. Na produção de Mel Gibson, ele é interpretado por Andrew Garfield.

O ator já interpretou o co-fundador do Facebook, Eduardo Saverin, em A Rede Social, e certamente é mais conhecido por ser o segundo ator a dar vida nos cinemas ao Peter Parker, alter ego do Cabeça-de-Teia na franquia O Espetacular Homem-Aranha. Mesmo assim, sendo provavelmente mais reconhecido pelos outros papéis, em Até o Último Homem, ele apresenta a performance mais consagrada da sua carreira.

Em um papel profundamente complicado, Garfield não sente qualquer dificuldade na hora de interpretar Doss. Seu sotaque britânico não é nem sentido, quando ele usa o sotaque carregado de Virginia, característico do personagem. A neutralidade que ele estampa no rosto, ao enfrentar os difíceis confrontos ideológicos sobre sua objeção, passam a determinação do soldado de não chegar perto de uma arma. E a sua atuação nas cenas no meio da ação, das batalhas, são incríveis e emocionantes. Garfield, nesse papel, mostra toda a sua evolução como ator, provando que é capaz de se desprender de papéis antigos e que é merecedor de receber chances para enfrentar novos desafios.

Todos os atores do elenco que contracenam com ele também mostram extrema bravura em cena. Os veteranos Vince Vaughn, Sam Worthington e Luke Bracey enfrentam Desmond Doss várias vezes nas infantarias, ao deixarem de entender o porquê de ele se recusar a entrar no campo de batalha armado. E mostram talento mais ainda no decorrer do filme, quando o personagem de Andrew Garfield mostra sua coragem, e eles têm de reconhecer que estavam errados.

A melhor atuação coadjuvante é a de Hugo Weaving, que interpreta Tom Doss, o violento pai de Desmond Doss. Ex-combatente da 1ª Guerra Mundial, Tom influencia muito no molde do caráter de Desmond, especialmente na sua objeção de consciência, e ao longo do filme, mesmo em meio a flashbacks condenatórios, o pai mostra tudo o que é capaz pra ajudar o filho em sua jornada de ajudar na guerra sem deixar seus princípios de lado.

O filme é incrivelmente belo, e fantástico de se assistir. Mel Gibson mostra mais uma vez o motivo de ser um dos diretores mais consagrados de todos os tempos. Especialista em filmes difíceis, com temas complicados, que envolvem honra, coragem, e principalmente, lutas e mais lutas.

Em Até o Último Homem, podemos ver, mais uma vez, como Gibson é especialista em criar épicas cenas de batalha. As tomadas em meio à Batalha de Okinawa são geniais, mostrando a brutalidade da guerra, a frieza dos soldados em matar cada um dos homens do exército oposto, e tudo o que é preciso para qualquer ser humano estar numa situação similar.

E, não só em termos emocionais e significativos, essas cenas foram muito bem construídas no âmbito técnico. Com um dos melhores trabalhos de edição de filmagens já vistos, com um jogo perfeito de edição e mixagem de som, para captar os sons da guerra e combiná-los em cena, e com cenas em tons cinzas, sob fumaças, que tornam todos os passos ainda mais tocantes, a equipe técnica do filme monta momentos que já são épicos.

Sem dúvida alguma, Até o Último Homem, seja nas atuações, seja na direção, seja no quesito técnico, garantiu sua entrada para o panteão dos maiores filmes de guerra já feitos na história do cinema, nos enchendo de emoção e satisfação por ter o prazer e o privilégio de assistir uma obra-prima como essa.

Até o Último Homem foi indicado a 6 Oscars em 2017:

  • Melhor Filme;
  • Melhor Diretor, para Mel Gibson;
  • Melhor Ator, para Andrew Garfield;
  • Melhor Edição de Som, para Robert Mackenzie e Andy Wright;
  • Melhor Mixagem de Som, para Peter Grace, Robert Mackenzie, Kevin O’Connell e Andy Wright;
  • Melhor Edição, para John Gilbert.

A cerimônia de entrega dos Oscars em 2017 ocorrerá na noite de domingo, 26 de fevereiro.

Trailer | Até o Último Homem 

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Um ajudante de super-herói perdido em Tatooine, com várias pedras de metanfetamina.

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