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Wolverine – Imortal: um filme deslocado no tempo

O Texto a seguir contém possíveis spoilers a respeito da trama e fatos do filme

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Assisti Wolverine Imortal dia 07/08 e com a correria do dia a dia só consegui escrever minhas impressões agora. Bem não vou fazer comparações com X-Men Origens: Wolverine (2009), pois por sorte nunca consegui ver mais que 15 minutos do filme em três tentativas diferentes, duas dormi e a outra mudei de canal de tão chato que era o que transcorria na tela. Sendo assim só fui assistir a esta continuação devido aos comentários positivos que rolaram na net.

“Eu, Wolverine” (1982) série de Chris Claremont e Frank Miller serve de inspiração para esta nova aventura do Carcaju, pegando alguns fragmentos e a ambientação da série que se passa no Japão, o filme joga nosso herói em um contexto de isolamento e desânimo, onde o mesmo vive como um eremita, deixando seu passado de aventuras e fúria para trás. Sua única companhia é o fantasma de sua amada Jean Grey (Famke Janssen) morta pelo mesmo em X-Men 3: O Confronto Final (2006), e o peso da imortalidade, atributo do roteiro cinematográfico, já que o baixinho mais invocado dos quadrinhos apenas envelhece lentamente devido ao seu fator de cura.

002 Na trama Yukio (Rila Fukushima) uma espadachim vidente, vem ao ocidente em busca de Logan, pois um acontecimento do passado de Wolverine o liga a um velho conhecido dos tempos da Segunda Grande Guerra. Isso é a premissa para Logan se aventurar em uma viagem para o outro lado do mundo enfrentar ninjas, yakuzas, samurais e se defrontar com uma cultura ao mesmo tempo sofisticada e conservadora, repleta de rituais e particularidades.

Logan é um gaijin, o estranho em uma terra estranha, que conhece a bela Mariko Yashida (Tao Okamoto) a peça principal da trama, que motiva vilões e mocinhos, por quem nosso herói se apaixona e decide defender com a própria vida, contudo para aumentar a dramaticidade da jornada do herói, por um manobra da vilã Víbora (Svetlana Khodchenkova) artífice do plano que reduz parcialmente os poderes do Carcaju, agora Wolverine pode sentir o medo e a limitação vivenciadas por qualquer mero mortal.

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Wolverine Imortal se assemelha muito com os filmes da década de 80 e 90 onde a América parecia viver uma relação de amor e ódio com o Japão, sua cultura e mistérios. Era comum ver filmes e séries que abusavam de ninjas, yakuzas, samurais e dos preceitos da cultura oriental, vide alguns exemplos como Ninja – A Máquina Assassina (Franco Nero), Chuva Negra (Michael Douglas, Andy Garcia), Sol Nascente (Sean Connery, Wesley Snipes), Massacre do Bairro Japonês (Brandon Lee, Dolph Lundgren) e os infindáveis American Ninja (Michael Dudikoff e Cia) e séries de Tv como O Mestre (Lee Van Cleef), Shogun (Richard Chamberlain) e Raven (Jeffrey Meek, Lee Majors).

Este deslocamento temporal leva “Wolverine Imortal” para outro extremo, esqueça doses cavalares de adrenalina e cenas de ação desenfreadas uma atrás da outra como nos recentes “Homem de Ferro 3” e “Homem de Aço”. Em determinados momentos da película esquecemos que estamos vendo um filme de herói, pois quando as garras de Wolverine estão retraídas embarcamos na trama de um bom filme policial, com algumas tiradas de um humor quase tosco, mas que acabam funcionando melhor que a metralhadora giratória de Downey Jr. no execrável já citado HF3.

“Wolverine Imortal” acaba se revelando uma boa surpresa, em um ano com cinco adaptações de Super-Heróis para as telas, o mesmo prima por um roteiro mais sóbrio, com boas cenas de ação, uma bela ambientação e um destaque para a vivaz Yukio de Rila Fukushima, que acaba roubando várias cenas e servindo como uma espécie de sidekick de Wolverine e até mesmo um contraponto ao desmotivado herói.

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E não poderíamos deixar de falar do Samurai de Prata que nos quadrinhos é um mutante e nas telas acaba sendo adaptado e vira uma mera armadura high tech de suporte de vida para o velho Yashida dar prosseguimento ao seu plano, afinal depois do êxito da franquia do Homem de Ferro, tudo que se relaciona a armaduras no universo Marvel cinematográfico, mesmo sendo filmes de estúdios diferentes, virou algo semelhante ao homem de lata. Contudo isto não interfere no êxito da obra.

James Mangold nos entrega um filme honesto no que se propõe e acima da média de algumas produções recentes de Super-Heróis e com uma cena pós-créditos emocionante que prepara terreno para “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”. E quanto ao 3D, bom, não passa de uma invenção para nos obrigar a pagar mais pelo ingresso, não acrescenta em absolutamente nada.

Gênero: Ação Direção: James Mangold Roteiro: Christopher McQuarrie, James Mangold, Mark Bomback, Scott Frank Elenco: Brian Tee, Hal Yamanouchi, Hiroyuki Sanada, Hugh Jackman, James Fraser, Luke Webb, Nobuaki Kakuda,Rila Fukushima, Svetlana Khodchenkova, Tao Okamoto, Will Yun Lee Produção: Hugh Jackman, John Palermo, Lauren Shuler-Donner Fotografia: Ross Emery Montador: Michael McCusker Trilha Sonora: Marco Beltrami

Pontuação: 3,5

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Sobre o Autor

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É Bacharel em Psicologia, porém optou por sua grande paixão trabalhando como ilustrador e quadrinhista. É sócio do Pencil Blue Studio e Ponto Zero, podendo assim viver e falar do que gosta: quadrinhos, cinema, séries de TV e literatura.

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